NEM
- Carlos Bomfim

- 21 de abr.
- 1 min de leitura
Atualizado: 22 de abr.
(Menção honrosa pela Academia Paulista de Letras - 2024)

Nem tudo que abraça, acalenta; por vezes é farsa, forca sedenta
Nem todo passado passou; por vezes malogra o futuro, posto que o envenenou
Nem tudo que não mata, fortalece; por vezes marca, lembra e, aos poucos, enlouquece
Nem tudo que parece ser, é. Nada é, por mais que mereça ser
Nem tudo está por vir, já que não é. Somente é o “vir a ser”
Nem toda pedra dura; por vezes, por não ser fogo, nem água, nem ar, não se fura
Nem toda semente é cadeira; por vezes torna-se madeira, nega, prefere ser esteira
Nem todo mármore é escultura; por vezes destrói-se a arte, constrói-se sepultura
Nem todo milagre é Deus em sua abundância; por vezes é o romper do lacre de uma falsa esperança
Nem toda resposta já foi pergunta; por vezes imposta; verdade e versão nascem juntas
O Todo é tudo, o Todo também é nada, por miséria ou eficiência, por ato ou potência
Por vezes a razão transcende a essência, maltratada por uma precária, irascível e estéril existência



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